segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O Avental

Após a cerimônia de iniciação, o Venerável Mestre entrega o Avental ao Mestre de Cerimônias, para com ele revestir o neófito. O agora Maçom, só poderá entrar no Templo de sua Loja, ou de qualquer outra, vestindo o Avental. Tal insígnia maçônica, nas palavras do Irmão Assis Carvalho, “é o principal Símbolo que compõe a Indumentária Maçônica.” O Avental, para o citado autor, possui uma característica especial que o diferencia de outras insígnias: está presente desde os remotos tempos Operativos.
Para compreendermos melhor sua função e o porquê de suas diferentes formas, utilizaremo-nos de uma análise histórica do Avental. Contudo, ressalte-se, concentraremos nossos esforços em uma análise histórica e funcional, tendo em vista o Grau de Aprendiz, já que sabidamente, muitos dos símbolos que são ostentados em Aventais de Graus mais elevados ainda fogem e devem mesmo fugir de nossa compreensão de Aprendiz. Para alguns escritores, a origem do Avental está ligada a tempos muito remotos, como o Paraíso Terrestre. Alguns irmãos vêem Adão como o inventor do Avental, representado na folha de parreira, a qual cobria seus órgãos genitais. Quanto a esta origem, as objeções são muito grandes, tendo em vista que a base cientifica ou mesmo filosófica para tal tipo de análise se mostra praticamente inexistente. Se é verdade que a Maçonaria não pretende ser apenas uma sociedade cientifica e filosófica, é fato que toma como base dados científicos para justificar muita de suas concepções. Ao fazer uma análise de tal porte, deveria-se esperar uma explanação um pouco mais exaustiva, tendo em vista a originalidade da idéia. Contudo, pelas bases às quais tivemos acesso, tal assertiva se mostra não muito consistente.   O Irmão Assis Carvalho, inclusive, demonstra uma certa ironia ao comentar tal fato, classificando como “uma fantasia, um afã criativo” enfim, conotando que a origem do Avental não está, em hipótese alguma, ligada à figura religiosa de Adão.
Outros também vêem uma origem mais que milenar para o surgimento do Avental, tendo como base os Mistérios Egípcios, Persas, Indus, entre outros. Nesse ponto, descreveremos uma das possíveis formas de tal Avental egípcio: era triangular, com a cúspide para cima e com vários adornos diversos dos hoje existentes. Alem disso, a faixa ao redor do corpo que o sustentava não tinha apenas este propósito, mas estava intensamente magnetizada com o corpo. Há também, acerca deste possível Avental, descrições mais pormenorizadas sobre o Avental dos Mestres, o que, como já se afirmou, não se mostra pertinente com a proposta deste trabalho. Contudo, vale ressaltar que se faziam presentes as rosetas e uma cor azul pálida, simbolizando a inocência branca sendo substituída pelo conhecimento, o céu azul. Uma outra corrente associa o surgimento do Avental às Guildas e corporações Medievais. Tais associações, que deram origem à Maçonaria Operária, tinham por hábito distribuir entre seus Membros, aventais para o exercício do ofício ao qual estavam ligados. Esses aventais, portanto, apresentavam entre si leves diferenças com base nos diferentes trabalhos e conhecimento acerca do ofício em questão, tais como Sapateiro, Ferreiro Açougueiro, entre outros. O Avental dos antigos operários da Maçonaria Operativa estava ligado à idéia de trabalho, era um instrumento do próprio. O Avental era feito com a predominância do couro de carneiro, um couro espesso, com vistas a proteger os obreiros de labutas muitas vezes perigosas para o corpo humano. Enfim, o Avental era uma proteção para o corpo dos maçons primitivos, cobrindo, em linhas gerais, desde o pescoço até o abdômen, sendo que o do aprendiz cobria uma parte maior do corpo do que o avental do Companheiro e do Mestre, pois como o aprendiz não possuía, ainda, a habilidade necessária com as ferramentas, além de iniciar o trabalho na Pedra Bruta, estava sujeito a fazer um uso maior do avental do que os mestres. Uso maior não em  tempo, e sim, stricto sensu, de aproveitar o avental conforme sua destinação de proteger o corpo e a roupa de quem o usa. Com a transição da Maçonaria Primitiva para a Maçonaria Especulativa, processo histórico que não ocorreu de forma instantânea, a figura e a função do Avental foram paulatinamente se alterando. Ressaltamos mais uma vez que, por um considerável tempo, tanto a Especulativa quanto a Operativa conviveram, especialmente pelos relatos que se tem da Inglaterra no século XVIII.

Como exteriorização dessa relativa dicotomia entre Especulativa e Operativa, temos na Inglaterra a existência de duas grandes potências justamente nesse século de transição. Note-se que não se trata de uma correspondência absoluta entre ambas as dicotomias, embora ambas guardem uma não desprezível ligação. De um lado havia as Grandes Lojas dos Antigos, formadas principalmente por Maçons mais tradicionais, mais “conservadores”, nas quais não ocorreram grandes mudanças em relação ao Avental, predominando, exceto pelo couro de ovelha que passou a ser o material mais utilizado, uma relativa padronização e simplicidade nos Aventais de todos os Graus, tendo em vista que os próprios eram adquiridos, em sua maioria, pelas próprias Lojas e concedidos aos Irmãos. Do outro, as Grandes Lojas dos Modernos, de natureza teoricamente mais democrática, mais aberta, as mudanças mais significativas ocorreram em relação ao Avental. A concepção do simbolismo do Avental decorre justamente do entendimento que a Maçonaria Especulativa passou a conceder ao Avental. O Avental passou a ser visto como um emblema da dignidade, da honra, do trabalho material ou intelectual, trabalho esse que era desprezado. Naturalmente, numa sociedade marcada anteriormente pelos senhores da terra, apenas a propriedade era vista como algo dignificante. A Maçonaria Especulativa alçou o Avental como símbolo do trabalho, da labuta, ao qual o Maçom está ligado ao adentrar na Ordem, dignificando o próprio, o trabalho, perante os olhos da sociedade. Esse é o grande significado do Avental, enquanto instrumento fundamental do Maçom. Esta é a grande razão simbólica pela qual um Aprendiz Maçom não deve adentrar em uma Loja sem estar coberto por essa indumentária. Tal insígnia não nos deixa esquecermos que a labuta é uma constante na vida do Maçom, seja em Loja ou fora dela. Contudo, ao mesmo tempo em que as Grandes Lojas Antigas alçaram o Avental como símbolo, e, conseqüentemente, modificaram sua forma, passando a utilizar tecidos mais leves tal como o cetim, o brim e o linho, a vaidade, algumas vezes exagerada de alguns Irmãos, provocaram uma verdadeira revolução no Avental. Verdadeiras obras de arte, pinturas, foram realizadas nos Aventais das Grandes Lojas dos Modernos. Novos símbolos, tal como roseiras, fitas, bordados, foram introduzidos nos Aventais, especialmente dos Graus de Mestre. Enquanto nas Grandes Lojas Antigas predominavam a simplicidade destes instrumentos Maçônicos tão preciosos, principalmente no Grau de Aprendiz, sendo o branco predominante, até pelo material utilizado, o couro de ovelha, nas Grandes Lojas Modernas houve uma radical transformação exteriorizada nas pinturas das Abetas, na criação de laços, pinturas de novos símbolos, entre outros. Quanto maior o Grau, maiores as “sofisticações” encontradas.
Quanto a esta sofisticação dos Aventais, e esta nova função de certa forma “decorativa”,  dois comentários se mostram muito pertinentes. O primeiro, tendo como base assertivas de Assis Carvalho, tendo como objeto o Cavaleiro Miguel André de Ramsay, codificador do Rito Escocês. Buscando negar a origem Operativa da Maçonaria, e afirmar uma origem Nobre, como sucessores dos Templários, de Jacques De Moley, o Irmão Ramsay  impulsionou a criação de Graus e nomes pomposos na Maçonaria e, conseqüentemente, os mais belos e ricos Aventais foram sendo também criados. Além disso, cabe agora relembrarmos a definição introduzida no começo de nosso trabalho, atribuída a Jules Boucher: “o Avental constitui-se no essencial adorno do Maçom.” Raimundo Rodrigues explica que a palavra adorno tem o sentido de enfeite, decoração. Conclui ele na imprecisão de sintaxe no uso de tal palavra, já que a função fundamental ou essencial do Avental seria simbolizar o trabalho ao qual os Maçons devem se entregar. Contudo, fazendo uma outra análise, podemos compreender a utilização de tal vocábulo, visto que, para muitos Irmãos, a utilização do Avental ficou muito ligada à idéia de enfeitar-se para quando da participação em Loja. Aliás, conforme relata Assis de Carvalho, eram comuns os Maçons das Grandes Lojas Modernas saírem das sessões e caminharem por Londres devidamente trajados, felizes na utilização de seus Aventais, enquanto os Maçons das Grandes Lojas Antigas, por estarem acostumados a utilizar o Avental quando em oficio, visto que muitos ainda eram Operários, utilizarem apenas os simples Aventais quando em Loja ou justamente no local de labuta.
Em 1813, com a unificação das duas grandes Potências Inglesas, houve também a edição de um normativo regulamentando e padronizando os Aventais, de forma a coibir os inúmeros abusos. Logicamente, alguns símbolos introduzidos ao longo do tempo foram consolidados, mas os exageros cessaram, e, até hoje, pelo que afirma Assis Carvalho, não houve grandes mudanças nos Aventais Ingleses, caracterizados pelo rito York. Vale ressaltar também o Congresso Mundial dos Supremos Conselhos em Lausane, datado de 1875. Nesse encontro, decidiu-se também por uma padronização dos Aventais utilizados pelos seguidores do Rito Escocês Antigo e Aceito. Nesse ponto, o autor Assis de Carvalho faz uma critica expressa aos seguidores de tal rito no Brasil, tendo em vista as seguidas mudanças do Avental aqui ocorridas nas últimas décadas, levando em conta que o R.’.E.’.A.’.A.’.  não assistiu a grandes mudanças em outros países. Como último ponto a se destacar do Avental Maçônico, gostaríamos de nos focar na Abeta. Muitos estudiosos Maçons procuram dar significados à sua posição em relação ao Avental. Outros, entretanto, apooiando-se na experiência histórica e mesmo em fotografias antigas, têm demosntrado que a Abeta não tem um sentido simbólico, pelo menos em sua origem. Antony Sayer, primeiro Grão Mestre da Loja da Inglaterra (1717), está caracterizado em fotos com uma Abeta levantada. Ressalte-se que ele era Mestre e que sua Abeta estava levantada. A utilização da Abeta para baixo ou para cima está, segundo esses autores, mais ligada, originalmente, à praticidade do que a qualquer simbolismo. A Abeta era utilizada pelos Irmãos Operativos para prender o Avental à camisa, tendo propositalmente um espaço próprio para este botão. Alguns irmãos baixavam a Abeta como forma de esconder imprecisões, desgastes da alguns Aventais. Alem disso, a forma triangular ou oval não apresentava também qualquer significado. Atualmente, se admite a diferença no posicionamento para se caracterizar o Grau, o que pode ser considerado muito válido. Contudo, originalmente, pela análise histórica da Abeta, há autores que defendem a inexistência de um simbolismo próprio. Além disso, como já se afirmou anteriormente, as correias que prendiam as Abetas ao corpo dos Maçons Operativos, tanto no pescoço como na cintura, nada tinham de especial. Eram apenas correias, sem nenhum magnetismo ou coisa do tipo.
Finalizando, o Avental simboliza, em uma primeira impressão, ainda no cerimonial de Iniciação, trabalho, labor, labuta. O que podemos aprender com significado de trabalho do Avental? Que todo Maçom deve dedicar- se ao trabalho diariamente, e, quando ele está em Loja, ou, mais propriamente ao tema, quando ele está na Oficina,  o trabalho é simbolizado pelo uso do Avental. Mesmo havendo posicionamentos diferentes com relação ao simbolismo do avental ou ao seu uso prático, não há como deixar de mencionar-se a interpretação mais aceita e oportuna com relação a essa indumentária. Ao desbastar a Pedra Bruta com o maço e o cinzel, o avental protege o Aprendiz contra a poeira e os estilhaçoes provenientes de seu ofício. Cumpre o papel que sempre cumpriu, a saber, o de servir como uma peça extra de proteção no manuseio, por exemplo, da pedra e até mesmo como um meio de transporte de pedras (e outros materiais) de um lugar para outro. O avental, dessa forma, está protegendo o Irmão das consequências do seu trabalho de aprimoramento constante e da eliminação de seus defeitos. Graças à proteção do avental, a roupa do Irmão, como se fosse sua reputação, está a salvo da sujeira representada pela poeira e os resquícios dos defeitos inerentes a todos nós, seres humanos. Cumpre, sobretudo, o Avental, o seu papel de um dos mais importantes Símbolos da Maçonaria e de elo entre aqueles que o portam, como Irmãos Maçons, unidos, através dessa indumetária, pela fraternal amizade.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Colunas Maçônicas

Colunas Maçônicas


Para falarmos das principais colunas maçônicas, é preciso conhecer as três Ordens clássicas da arquitetura: Jônica, Dórica e Coríntia.
A ordem jônica tem antecedentes na arquitetura dos assírios, hititas e de outros povos da Ásia Menor. Espalhou-se no século V a.C. por muitas cidades-estado e pelas colônias gregas na Sicília. Em Atenas, foi resultar num estilo característico, o ático-jônico.
Ao contrário da coluna dórica, a jônica não assenta diretamente sobre patamares, mas tem uma base (plinto) que assume diversas formas. A vantagem do plinto é que todo o conjunto ganha maior leveza. O fuste, por sua vez, afina um pouquinho em direção ao capitel. A coluna é elegante não só porque é mais alta em relação ao diâmetro (corresponde a até 9 vezes o diâmetro, enquanto a dórica não passa de 5 vezes e meia) mas também pelo fato de possuir maior número de caneluras – frisos verticais da coluna – de 24 a 44 (na dórica são de 16 a 20). Além disso, as caneluras jônicas não terminam em arestas vivas, mas são biseladas, ou seja, entre uma e outra há um pequeno risco, ajudando a coluna a parecer mais esguia. O capitel é ornado com desenhos em espiral chamados volutas; entre o capitel e a coluna, feito uma gola trabalhada, há outro tipo de enfeite ovalado, o gorjal.
Também a arquitrave distingue bem as duas ordens: na coluna dórica, a forma desse elemento correspondia às antigas traves de madeira; na jônica, a arquitrave adquire formas muito mais rebuscadas, apresentando três faixas horizontais. A maior delas – a última – é ornada por uma fileira de pérolas; o friso que se segue é, por sua vez, enfeitado por uma série contínua de baixos-relevos. Finalmente, o entablamento – coroação do edifício – equivalente a menos de 1/4 da altura da coluna torna a construção mais leve.
O que o dórico tem de sóbrio, o jônico tem de gracioso. O capitel jônico é parecido com o tipo de penteado feminino então em moda na época, existindo também certa semelhança entre a linha da coluna jônica e um traje de mulher, o quintão.

A construção jônica, de dimensões maiores, se apoiava numa fileira dupla de colunas, um pouco mais estilizadas, e apresentava igualmente um fuste acanelado e uma base sólida. O capitel culminava em duas colunas graciosas, e os frisos eram decorados em altos-relevos. O Erecteion de Atenas, talvez o mais belo dos templos jônicos, levantando em honra de um lendário herói ateniense chamado Erecteu, terminou sua construção em 406 a.C., estando localizado sobre a Acrópole da cidade.
No interior do templo, guardavam-se os mais sagrados objetos de arte. Na parte sul da construção há um pórtico, o das koré ou cariátides (donzelas, em grego), sustentado, não por colunas, mas por seis estátuas de moças com cestas à cabeça. O templo de Atenéia, “Nike Aptera”, foi construído em 429 a.C. em homenagem a Atenéia vitoriosa. Dentro do templo de Atenéia, os atenienses colocaram a estátua da vitória alada, mas, por via das dúvidas, cortaram-lhe as asas, para que não saísse voando do templo. O templo foi eregido na Acrópole, permaneceu em bom estado até o século XVIII, quando os turcos otomanos – que haviam conquistado a Grécia – aproveitaram o local para armazenar pólvora, usando pedras do edifício para guarnecer o depósito. Mais adiante, no período clássico (séculos V e II a.C.), a arquitetura grega atingiu seu ponto máximo. Aos dois estilos já conhecidos (dórico e jônico) veio se somar um outro, o coríntio, que se caracterizava por um capitel típico cuja extremidade era decorada por folhas de acanto.

Ordem Dórica

Não resta dúvida de que o templo foi um dos legados mais importantes da arte grega ao Ocidente, devendo suas origens ser procuradas no megaron micênico – aposento, de morfologia bastante simples, apesar de ser a acomodação principal do governante – que nada mais era do que uma sala retangular, à qual se tinha acesso através de um pequeno pórtico (pronaos), e quatro colunas que sustentavam um teto parecido com o atual telhado de duas águas.
No princípio, esse foi o esquema que marcou os cânones da edificação grega e foi a partir do aperfeiçoamento dessa forma básica que se configurou o templo grego tal como o conhecemos hoje, sendo pelo tipo de coluna que se conhece essa arquitetura, nascida há 2.500 anos, e que continua a fascinar os estudiosos e a atrair turistas às colunas de Atenas. Os primitivos templos gregos eram considerados morada dos deuses. Num aposento especial, voltado para leste, ficava a estátua da divindade. Havia um pórtico, que os gregos chamavam prónaos, e uma sala grande, chamada, por sua vez, náos. Alguns templos maiores eram rodeados por colunas. A náos, nesses templos, tinha também duas fileiras de colunas internas para auxiliar a sustentação do teto. No começo, os materiais utilizados eram o adobe – para as paredes – e a madeira – para as colunas. Depois, a partir do século VII a.C. (período arcaico), eles foram caindo em desuso, sendo substituídos pela pedra e pelo mármore. Essa inovação permitiu que fosse acrescentada uma nova fileira de colunas na parte externa (peristilo) da edificação, fazendo com que o templo obtivesse um ganho no que toca à monumentalidade. Surgiram então os primeiros estilos arquitetônicos. Inicialmente, duas ordens (ou estilos) arquitetônicos predominavam: a dórica (ao sul, nas costas do Peloponeso) e a jônica (a leste). Depois, bem mais tarde, apareceu mais uma, a ordem coríntia.
A ordem dórica foi a primeira e a mais simples das ordens arquitetônicas, sendo uma versão em pedra das peças de madeira. O estilo dórico vem em primeiro lugar por uma razão muito simples: o dórico foi um dos primeiros povos que dominaram a Grécia. Nessa ordem, a parte principal da coluna, ou fuste, repousa diretamente sobre o embasamento; o acabamento no alto da coluna, ou capitel, é extremamente simples; a parte que assenta sobre os capitéis, ou arquitrave, é larga, maciça, sem rebuscamentos.
No estilo dórico, as colunas têm sulcos de cima a baixo (caneluras), porque essa é a maneira mais fácil de se adornar um tronco de madeira. No topo, uma peça redonda (equino), para impedir a penetração de água das chuvas. Sobre o equino, uma peça plana (ábaco), para distribuir por igual o peso da arquitrave e, sobre esta, apoiadas, as pontas da vigas de madeira do teto, esculpidas com três sulcos (triglifo) e com peças decoradas ou simples para preencher os vão (métopas). Finalmente, o beiral do teto (cornija), decorado com peças de cerâmica ao longo das extremidades (acrotério). O equino junto com o ábaco recebe o nome de capitel; os triglifos e métopas formam o friso; o friso e a cornija combinados constituem o entablamento. As ordens arquitetônicas gregas dividem-seem três partes principais: o entabalamento, a coluna e o embasamento.
Os mais importantes templos da antiga Grécia foram os da ordem dórica. Esses templos eram em geral baixos e maciços. As grossas colunas que lhes davam sustentação não dispunham de base, e o fuste tinha forma acanelada. O capitel, muito simples, terminava numa moldura convexa a um entabalamento (sistema de cornijas) formado por uma arquitrave (parte inferior) e um friso de tríglifos (decoração acanelada) entreados por métopas.
Já no século V a.C. os gregos antecipavam uma prática que os romanos adotariam muito mais tarde onde as várias partes de uma ordem podiam ser usadas para construir templos de forma diferente da retangular, tradicional até então. Chegaram a fazer um templo circular chamado Tholos, na cidade de Delphos. Os primeiros templos provavelmente tinham tetos de palha (sapé). Depois, os tetos passaram a ter a peça triangular achatada (pedimento) e puderam ser utilizadas telhas de cerâmica. O pedimento, ao lado do peristilo, é uma das características mais conhecidas do templo grego.Na arquitetura grega, nada era arbitrário ou puramente decorativo e, em virtude do sistema padrão de medida, até os detalhes que normalmente têm dimensões fixa, como portas e janelas, variavam de proporção em harmonia com o conjunto. Foi no Partenon que essa harmonia atingiu seu mais alto grau, tornando-o uma das maiores obras de arte de todos os tempos.
Os templos de Poseidon (Netuno) e de Hera, em Paestum, na Itália, e os templos de Selinunte, na Sicília, além do Partenon, representam os monumentos melhor conservados da ordem dórica, e datam do século V a.C.. A sua mais notável característica é a curvatura das linhas, que dão aparência de retas, mas na realidade apresentam uma pequena curvatura, para eliminar a impressão de divergência das numerosas colunas. No templo de Asso a diminuição progressiva do diâmetro das colunas lhes dá quase a forma de um fuso, sendo uma das primeiras inclusões, num templo dórico, de um friso da ordem jônica. Por quase quatro séculos – do século VI ao III a.C. a ordem dórica predominou na Grécia, Ásia Menor, Sicília e Itália meridional, criando belos monumentos. Depois de atingir seu ápice, no Partenon de Atenas, mais ou menos no terceiro século a ordem dórica começou a ser abandonada. Para sucedê-la, aparecia outra maravilha da arte grega: a ordem jônica, com características diferentes: colunas mais delgadas e mais graciosas, com ligeiro estriado, base tripla e um capitel em voluta. Apesar de sua base dórica, o Partenon reflete algo da sutileza da influência jônica.

Ordem Coríntia

No período clássico (séculos V e IV a.C.), a arquitetura grega atingiu seu ponto máximo. Aos dois estilos já conhecidos (dórico e jônico) veio se somar um outro, o coríntio, que se caracterizava por um capitel típico cuja extremidade era decorada por folhas de acanto. A ordem coríntia apareceu no século IV a.C. e se caracterizou sobretudo pela forma do capitel. Há uma lenda que explica a origem desse estilo. Diz a lenda que certa vez, uma bela jovem coríntia fora enterrada em campo aberto; sua ama colocara sobre o túmulo um cesto coberto de telhas, contendo objetos que a jovem mais queria. Na primavera seguinte, brotaram no lugar alguns pés de acanto. encontrando os obstáculos das telhas, as folhas dobraram-se, formando volutas incompletas. Inspirado nesse motivo – continua a lenda -, um arquiteto grego chamado Calímaco teria criado a nova ordem. Na verdade, porém, o estilo conríntio parece ter sido importado do Egito, onde já existiam templos cujos capitéis eram decorados com motivos florais.

Embora o período áureo da arte grega tenha terminado por volta de 400 a.C., a ordem conríntia só se afirmou uns 200 anos depois, quando a Grécia já havia perdido muito de sua força e importância. Tirando a forma do capitel, os demais elementos da ordem coríntia são muito parecidos com os da jônica, como, por exemplo, o fuste estriado, a coluna assentada numa base e a arquitrave dividida em três partes. A coluna é um pouco mais esguia: sua altura é igual a até 11 vezes o diâmetro. A ordem coríntia, por sua própria natureza, exigia dos escultores muita habilidade para ornamentarem os capitéis com duas ou três carreiras de folhas e volutas, estas últimas se enrolando acima das folhas. O templo de Olympeion de Atenas começou a ser construído em 170 a.C, e só terminou muito tempo depois. Dedicado a Zeus Olímpico, foi o maior edifício coríntio, restando apenas ruínas do templo. Esse estilo seria mais tarde retomado e modificado pelos romanos, que procuravam o luxo e a ostentação.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Repensando na Maçonaria

Já decorreu algum tempo de minha iniciação. Momento sublime de grande significado para o crescimento da alma. Lá estava eu, aprendiz maçom, entre colunas com todos os irmãos voltados para mim, jurando dar a vida para me defender e eu a eles. Palavras foram ditas e ecoaram no templo, com grande significado simbólico e esotérico. Ali nascia um novo homem, LIVRE E DE BONS COSTUMES, pronto para aprimorar-se e crescer em todos os sentidos.
Com o tempo passando, observa-se que tudo que se imaginava ser a maçonaria, não vinha de encontro com a expectativa existente em meu âmago.
Antes de iniciado, lemos muitos livros de cunho maçônico, que nos dava visão de uma sociedade a caminho da perfeição, com certeza perfeita porem com falhas humanas gritantes.
Meu objetivo de estudos filosóficos e esotéricos da simbologia em seu conteúdo não condiz com o comportamento maçom, ora praticado nas lojas por onde andei. Tão sublime ordem, deturpada com conceitos políticos de cunho totalmente pessoal, pondo a vaidade e o orgulho em primeiro plano, traçando objetivos pessoais de ambições cooperativistas, usando tão sublime ordem como referência e estandarte para chegar a suas metas pessoais, não importando os custos morais, espirituais e materiais que isso venha a representar.
O conhecimento acarreta responsabilidade. Fica uma pergunta no ar: quantos lapidaram, poliram a sua PEDRA BRUTA? Como poderão traçar a construção do templo de SALOMÃO se não lapidaram e poliram suas pedras interiores? Qual o sentido simbólico da lenda de HIRAM para a maioria dos irmãos que lá chegaram? Estamos lidando com energia e a energia mal manipulada, acarreta uma desarmonia de proporções devastadoras a todos os que compõem a instituição. Uma ritualística essencialmente simbólica, com todos os objetivos de galgar os degraus de Jacó para atingir os mais puros e distintos graus da evolução interdimensional de nossa existência, não pode desta forma erguer a mais pura e bela geometria sagrada.
As distorções não ocorrem nesta dimensão e sim são erguidas em todas as dimensões geometrias assimétricas, irregulares, que somente podem dar como resultado o desequilíbrio na construção de nosso templo interior.
Quanticamente falando, o reflexo e as ondas criadas atingem e ativam as energias mais densas que não fazem parte da ideologia e nem da busca maçônica, ativando energias disformes, irregulares e que atingem a todos de forma devastadora. Não apenas em sua vida tridimensional, mas dentro de seu templo interior. Templo este que alguns são capazes de exibir apenas usando os símbolos em seu corpo tridimensional, botons em seus paletós, em um puro exibicionismo para o mundo profano.

Se pudéssemos ver de forma dimensional estas geometrias, poucos não conseguiram sequer edificar a base, ou melhor, sair do projeto de seu templo. Mas o templo interior pode esperar, pois não há tempo para construí-lo, afinal a dedicação esta na política, nos cargos e nas grandes e ricas aparições em reuniões, nos paramentos e no luxo tridimensional. Já anteriormente referi a este estado de aparente edificação em “Olhai como crescem os lírios do campo! Não trabalham nem fiam. Pois Eu vos digo: Nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles…”
A busca que tanto me tonteia reside neste desabafo. Não quero ser omisso. Não quero os postos e cargos. Não quero apenas estar paramentado. Não quero ser altivo. Não quero espelhar neste lago de agregados psíquicos. Não quero me poluir. Não quero me contaminar. Não quero que meus amigos sejam como o Bicho de Manoel Bandeira.
Vi ontem um bicho no pátio
Tudo que achava
Não olhava e nem cheirava
Engolia com voracidade
O bicho meu Deus,
Não era um cão
Não era um gato
Não era um rato…
O bicho meu Deus
Era um homem!
Sou um beija-flor e tenho consciência disto. Minha capacidade atual é de carregar gota a gota de água para ajudar a apagar este incêndio dentro desta tão imensa floresta. Vou continuar a fazer a minha parte. Se fosse possível a todos imaginar a presença de um dos primeiros templários dentro de uma augusta loja, pergunto: Será que ficaria satisfeito em ver tanto esforço resumido em atitudes tão individualistas e recheadas do tanto ego? Ou levantaria sua espada flamejante contra esta situação? Em 2000 anos o que aconteceu?Qual o grau de evolução? Será que depois de tantas perdas de vidas, resultaram nesta situação?
Acredito que tudo pode ser mudado, com a força do amor e do perdão, sem julgamentos individuais e sim com o grande propósito de união e elevação da humanidade.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Breve Estudo Sobre os Landmarks

Um dos temas mais difícil e controvertido de toda doutrina maçônica, podemos afirmar, é o Instituto dos Landmarks, onde sabemos apenas, com certeza, que seus preceitos são imutáveis e devem ser cumpridos, embora muitos questionem.
Seus postulados ou princípios são aplicados a todas as atividades e ritos pelos órgãos diretivos por serem inalteráveis.

Com efeito, a expressão “Landmarks”, tem significado, ao pé da letra, na língua inglesa, de ” marcação de terra” ( land=terra e mark,marca para limites entre duas ou mais áreas de terra).
Foi inspirada essa nomenclatura no Velho Testamento – Provérbios, 22 e 23/ 28 e 10: “Não removas os antigos limites que teus pais fizeram” e “não removas os antigos limites nem entre nos campos dos órfãos”. Deuteronômios, 19,14: “não tomarás nem mudarás os limites do teu próximo que os antigos estabeleceram na tua propriedade”.
O sentido é, portanto, figurado, e enuncia regras genéricas de âmbito substancial e espiritual para a Sublime Ordem em qualquer ponto do planeta Terra com o propósito de unidade administrativa, fraterna e êxito através dos séculos.
Podemos conceituá-lo, pois, como sendo um conjunto de princípios imutáveis e inalteráveis do sistema para manter a unidade de essência e espírito da ORDEM de caráter imperativo para sua perpetuidade universal.
A consciência maçônica já consagrou com o passar dos séculos, a necessidade de observá-los, ainda que contestados, pois sem essas prescrições, a Maçonaria que é universal, perderia a coesão estrutural e espiritual, expondo-se a diversidade de diretrizes, gerando uma verdadeira Torre de Babel.
Podemos admitir o trato mesmo da sobrevivência da Instituição, conclusão que nos leva a crença de que se cuida de uma verdadeira Super-Constituição do mundo maçônico.

Todos os modelos constitucionais das diversas Obediências devem se amoldar a essas normas, sob pena de isolamento e não reconhecimento pelas suas congêneres.
Seriam out Law!
A necessidade da unidade moral, fraternal e espiritual da Sociedade Operativa gerou esse sentimento de disciplina universal, alcançando também a parte administrativa impondo rumos que tomou nome de Landmarks.
A Instituição Universal teria mesmo de ser una em sua substância, podendo variar apenas na parte formal, como os diversos ritos existentes, mas sempre conservando toda a essência que a fez surgir e prosperar até nossos dias.
São os dogmas maçônicos, não se devendo questioná-los.
Todavia, uma parcela maçônica critica, não raras vezes com bastante ênfase, o sistema dos Landmarks, e até refuta cada regra do conjunto de Albert Galletin Mackey (25), demonstrando o desacerto no seu entender. (Remetemos o leitor interessado a “Dogmas e Preconceitos Maçônicos” – Breno Trautwein – págs. 37 e seguintes – Ed. “A Trolha” – 1ª. edição-1997).
Igualmente, Marius Lepage (“História e Doutrina da Franco-Maçonaria”- pág.107 -Ed. Pensamento ), também emite comentários e até relata um fato para ilustrar seu pensar sobre a matéria : “Isso me faz lembrar uma pequena história pessoal. Em 1938, eu viajava de automóvel pela Áustria, pouco tempo depois da Anschluss ( anexação pela Alemanha ). Ora, estabelecia-se então a mudança da direção dos carros da esquerda para a direita. Em toda parte, mesmo nos lugares mais discretos, encontravam-se folhetos explicando, em dez itens as vantagens de dirigir pela direita. Os nove primeiros itens eram exclusivamente técnicos. O décimo estava redigido assim: “Dirigirás o carro pela direita porque o führer mandou.” Eis aí um tipo de landmark em estado puro! (grifo nosso).
Os especialistas também divergem sobre o surgimento do vocábulo “Landmark”, porém a maioria vai encontrá-lo em 1720, no Regulamento Geral coligido por George Payne e acolhido depois pela Constituição Maçônica do Bispo James Anderson de 17 de janeiro de 1723.
Nesse código foram fixados os princípios que já vigiam e que deverão reger a vida maçônica na parte espiritual e substancial, estabelecendo muitos enfoques que até hoje são seguidos.
Outras regras baseadas nos costumes foram consideradas também Landmarks e dependendo de interpretações dos estudiosos do tema, variam de 3 a 54 mandamentos.
Entretanto, parte significativa do sistema da Ordem inclina-se em aceitar o ensinamento de Albert Galletin Mackey, que admite somente 25 regras de todo conjunto.

Nessa doutrina de Albert Galletin Mackey vamos encontrar o reconhecimento maçônico; divisão dos graus simbólicos; lenda do mestre Hiram Abiff; existência e prerrogativas do Grão- Mestrado; reunião dos irmãos em unidades maçônicas; governo da loja por um Venerável Mestre e dois Vigilantes; cobertura da loja; faculdade de representação de cada irmão em reuniões da entidade; direito recursal e visitação à outra congênere; identificação do visitante; proibição de intervenção de uma unidade sobre a outra; submissão do obreiro à legislação onde residir, independentemente de filiação; proibição de ingresso na Ordem de portadores de defeitos físicos e mutilados e ainda de mulheres; crença no GADU e vida eterna; existência de um Livro da Lei; igualdade para todos dentro da loja; segredo da iniciação; implantação da Maçonaria Especulativa, e, finalmente, “é o que afirma a inalterabilidade dos anteriores, nada lhes podendo ser acrescido ou retirado, nenhuma modificação podendo ser-lhes introduzida. Assim como de nossos antecessores os recebemos, assim os devemos transmitir aos nossos sucessores”. NOLUMUS EST LEGES MUTARI!
Vemos, pois, que ainda não queiramos, faz-se necessário que aceitemos esses mandamentos para a perpetuidade da Maçonaria que sempre foi conservadora e defensora da Moral, Ética, Fraternidade, Bons Costumes e amor ao GADU, além da crença da vida post-mortem.
Trata-se, assim, de um empreendimento axiomático que todo maçom deve, pelo menos, refletir.
É de se admitir por força da lógica, a continuação perpétua da Maçonaria, e, por via de conseqüência, a permanência na Instituição que nela se deposita Fé.

Fé, não apenas, crença, confiança!
Somos então considerados “Filhos da Luz” e aptos a ajudarmos aos nossos semelhantes independentemente de raça, sexo, religião, credo político e outras diferenças que nos marcam.
Lembremo-nos que devemos ser tolerantes, especialmente com nossa Entidade, e sem esse sistema ora em rápido exame, estaríamos ao longo destes séculos sem direção uniforme, material e espiritual e então seria o caos para todos os maçons.
O certo é que sem os “Landmarks” a Maçonaria já não mais existiria e, se ainda existisse, teria caminhado para rumos imprevisíveis.
É, pois, nesse singelo cenário que apresentamos estas considerações e sugerimos a todos os IIr que meditem com o coração limpo de sempre e imparcialidade, sobre essa necessidade de continuarmos unidos, fraternos, despidos de vaidade, tolerantes e lembrando-nos que tudo isso nos levará à caminhada da nossa Sublime Ordem através dos séculos. E em sendo assim, manteremos a mesma forma como a recebemos de nossos IIr antecessores e a transmitiremos às gerações futuras.
São esses os comentários que fazemos sobre os Landmark!

Obras consultadas:

  1. Bíblia
  2. O Simbolismo da Maçonaria- Albert G. Mackey – Ed. Universo dos Livros
  3. História e Doutrina da Franco-Maçonaria – Marius Lapage – Ed. Pensamento
  4. Dicionário de Maçonaria – Joaquim Gervásio de Figueredo – Ed. Pensamento
  5. A Franco Maçonaria Simbólica e Iniciática – Jean Palou – Ed. Pensamento
  6. Dogmas e Princípios Maçônicos – Breno Trautwein – Ed. A Trolha.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Arquitetos da Idade Média: A Maçonaria Operativa


A Grande Loja Unida da Inglaterra reconhece, em seu site oficial, que as perguntas “quando”, “como”, “por que” e “onde” a Maçonaria nasceu ainda são objetos de intensa especulação. Entretanto, aponta um consenso de que a Maçonaria Moderna descende direta ou indiretamente da organização dos pedreiros-livres (freemasons), que construíram as grandes catedrais e castelos da Idade Média. Quem eram estes construtores? De quais privilégios eles gozavam? Qual foi sua contribuição para a civilização?
Sabemos que, durante a Idade Média, o conhecimento foi transmitido oralmente, de mestre para aprendiz, ou, em alguns casos, absorvido pela observação prática. Sobre a formação dos construtores neste período, Maurice Vieux escreve que “de companheiro a aprendiz, de mestre a discípulo, eis a escola técnica na qual os mestres de obra e seus sucessores aprendem o seu ofício, os seus processos” (VIEUX, 1977: p. 117).
Vale ressaltar que as Guildas de Ofício, hierarquizadas entre mestres e aprendizes, desempenharam um importante papel na acumulação e divulgação desse conhecimento. Os textos, acessíveis por traduções em língua vernácula, eram divulgados dentro dessas organizações. Um dos melhores exemplos desses textos são os manuscritos de Villard de Honnecourt. Datando do século XIII, este documento constitui um dos primeiros exemplos de compilação de modelos e exemplos artísticos, com comentários e textos, em língua vulgar, do autor. Apesar de nos chegar hoje incompleto, esse documento extraordinário nos fornece informações preciosas acerca dos freemasons.
A enorme variedade de exemplos coletados por esse célebre construtor francês torna evidente a grande mobilidade dos maçons operativos. Villard percorreu localidades dentro dos atuais territórios da França, da Suíça e da Hungria. Apesar de parecer banal nos dias atuais, viajar livremente entre os feudos era um privilégio raro entre os artesãos da Idade Média.
O especialista em História da Arte Ernst H. Gombrich nos dá algumas pistas da importância dos maçons operativos. Segundo este autor: “somente em algumas velhas aldeias do interior podemos ter ainda um vislumbre de sua importância. A igreja era, com frequência, o único edifício de pedra em toda a redondeza; era a única construção de considerável envergadura muitas léguas em redor e seu campanário era um ponto de referência para todos os que chegavam de longe. Aos domingos e durante o culto, todos os habitantes da cidade podiam encontrar-se ali, e o contraste entre o edifício grandioso, com suas pinturas, suas talhas e esculturas, e as casas primitivas e humildes em que essas pessoas passavam a vida devia ter sido esmagador. Não admira que toda a comunidade estivesse interessada na construção dessas igrejas e se orgulhasse de sua decoração. Mesmo do ponto de vista econômico, a construção de um mosteiro, que levava anos, devia transformar uma cidade inteira. A extração de pedra e seu transporte, a ereção de andaimes adequados, o emprego de artífices itinerantes, que traziam histórias de terras longínquas, tudo isso constituía um acontecimento importante nesses dias remotos.” (GOMBRICH, 1999: p.171).
Devido à importância de seus trabalhos, os construtores medievais ganharam o direito de viajar livremente por toda Europa. Graças a esse atributo, ficaram conhecidos como freemasons que, em português, significa pedreiros-livres. Foi através do esquadro e do compasso dos maçons operativos que a arte da Idade Média sofreu uma revolução artística: o aparecimento do estilo gótico. Gosto particularmente da descrição de Gombrich acerca deste estilo: “as paredes das novas igrejas não eram frias nem assustavam. Eram formadas de vitrais polícromos que refulgiam como rubis e esmeraldas. Os pilares, nervuras e rendilhados despendiam cintilações douradas. Tudo que era pesado, terreno ou trivial fora eliminado. Os fiéis que se entregavam à contemplação de tanta beleza podiam sentir que estavam mais próximos de entender os mistérios de um reino afastado do alcance da matéria.” (GOMBRICH, 1999: p. 189).
Servindo aos reis e à Igreja Católica, nossos predecessores transformavam pedras brutas nas mais belas obras que o intelecto humano foi capaz de imaginar.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Hospitaleiro


O Hospitaleiro é o elemento da Loja que tem o ofício, a tarefa, de detectar as situações de necessidade e de prover o alívio dessas situações, quer agindo pessoalmente, quer convocando o auxílio de outros maçons ou, mesmo, de toda a Loja, quer, se a situação o justificar ou impuser, solicitando, por meio da Grande Loja e do Grande Oficial com esse específico encargo, o Grande Hospitaleiro ou Grande Esmoler, a ajuda das demais Lojas e dos respectivos membros.

Um dos traços distintivos da Maçonaria, uma das características que constituem a sua essência de Fraternidade, é a existência, o cultivo e a prática de uma profunda e sentida solidariedade entre os seus membros. Solidariedade que não significa cumplicidade em ações ilícitas ou imorais, ou encobrimento de quem as pratica, ainda que Ir.’., ou auxílio ou facilitação à impunidade de quem viole as leis do Estado ou as regras da Moral. O maçon deve ser sempre um homem livre e de bons costumes. De bons costumes, não violando as leis nem as regras da Moral e da Decência.
Livre, porque autodeterminado e, portanto, responsável pelos seus atos, bons e maus. Perante a Sociedade e perante os seus IIr.’.. A solidariedade dos maçons existe e pratica–se e sente-se em relação às situações de necessidade, aos infortúnios que a qualquer um podem acometer, às doenças que, tarde ou cedo, a todos afetam, às perdas de entes queridos que inevitavelmente a todos sucedem.
Sempre que surgir ou for detectada uma situação de necessidade de auxílio, de conforto moral ou de simples presença amiga, os maçons acorrem e unem-se em torno daquele que, nesse momento, precisa do calor de seus IIr.’.. Esse auxílio, esse conforto, essa presença, são coordenados pelo Hospitaleiro. Note-se que a palavra utilizada é “coordenados”, não “efetuados” ou “realizados”. O Hospitaleiro não é o Oficial que efetua as ações de solidariedade, desobrigando os demais elementos da Loja dessas ações. O Hospitaleiro é aquele elemento a quem é cometida a função de organizar, dirigir, tornar eficientes, úteis, os esforços de TODOS em prol daquele que necessita.
É claro que, por vezes, muitas vezes até, a pretendida utilidade do auxílio ou apoio ou presença determina que seja só o Hospitaleiro a efetuar a tarefa, ou delegá-la a outro Ir.’. que seja mais conveniente que a efetue. Pense-se, por exemplo, na situação, que aliás inevitavelmente ocorre com alguma frequência, de um Irmão que é acometido de uma doença aguda, que necessita de uma intervenção cirúrgica ou que precisa estar por tempo apreciável hospitalizado, acamado ou em convalescença. Se todos os elementos da Loja se precipitassem para o visitar, isso já não seria solidariedade, seria romaria, isso já não seria auxílio, seria perturbação.
O Hospitaleiro assume, assim, em primeira linha, a tarefa de se informar do estado do Ir.’., de o auxiliar e confortar e de organizar os termos em que as visitas dos demais Ir.’. se devam processar, de forma a que, nem o IIr.’. se sinta negligenciado, nem abandonado, nem, por outro lado, fique assoberbado com invasões fraternais ou constantemente assediado pelos contatos dos demais, prejudicando a sua recuperação e o seu descanso, maçando-o, mais do que confortando-o. Também na expressão da solidariedade o equilíbrio é fundamental…
A solidariedade maçônica pode traduzir-se em atos (visitas, execução de tarefas em substituição ou auxílio, busca, localização e obtenção de meios adequados para acorrer à necessidade existente), em palavras de conforto, conselho ou incentivo (quantas vezes uma palavra amiga no momento certo ilumina o que parece escuro, orienta o que está perdido, restabelece confiança no inseguro), no simples ato de estar presente ou disponível para o que for necessário (a segurança que se sente sabendo-se que se não precisa, mas, se precisar, tem-se um apoio disponível…) ou na obtenção e disponibilização de fundos ou meios materiais (se uma situação necessita ou impõe dispêndio de verbas, não são as palavras ou a companhia que ajudam a resolvê-la: é aquilo com que se compram os melões…).
A escolha, a combinação, o acionamento das formas de solidariedade aconselháveis em cada caso cabe ao Hospitaleiro. Porque a ajuda organizada normalmente dá melhores resultados do que os atos generosos, mas anárquicos e descoordenados…

O Hospitaleiro deve estar atento ao surgimento de situações de necessidade, graves ou ligeiras, prolongadas ou passageiras, e atuar em conformidade. Mas não é omnisciente. Portanto, qualquer maçon que detecte ou conheça uma dessas situações deve comunicá-la ao Hospitaleiro da sua Loja. E depois deixá-lo avaliar, analisar, atuar, coordenar, e colaborar na medida e pela forma que for solicitado que o faça. Porque, parafraseando o princípio dos Mosqueteiros de Alexandre Dumas, a ideia é que sejam “todos por um”, não “cada um pelo outro, todos ao molho e fé em Deus”…
A solidariedade maçônica é assegurada, em primeira linha, entre IIr.’.. Mas também, com igual acuidade, existe em relação às viúvas e aos filhos menores de maçons já falecidos. Porque a solidariedade não se extingue com a vida, cada maçon, auxiliando a família daqueles que já partiram, sabe que, quando chegar a sua vez de partir, deixará uma rede de solidariedade em favor dos seus que dela necessitem verdadeiramente!
E a solidariedade é algo que não se esgota em circuito fechado. Para o maçon, a beneficência é um simples cumprimento de um dever. As ações de solidariedade ou beneficência em relação a quem – maçon ou profano – necessita, em auxílio das organizações ou ações que benevolamente ajudam quem precisa são, em relação à Loja, coordenadas pelo Hospitaleiro.
O ofício de Hospitaleiro é, obviamente, um ofício muito importante em qualquer Loja maçônica. Deve, por isso, ser desempenhado por um maçon experiente, se possível um ex-Venerável.
O símbolo do Hospitaleiro é uma bolsa ou um saco, ou ainda uma mão segurando um saco. Bolsa em que o Hospitaleiro deve guardar os meios de auxílio. Bolsa que deve figurativamente sempre carregar consigo, pois nunca sabe quando necessitará de prestar auxílio, material ou moral. Saco como aquele em que, em cada sessão, se recolhe os donativos que cada maçon dá para o Tronco da Viúva. Mão segurando o saco, no modo e gesto como, tradicionalmente, após a recolha dos óbolos para o Tronco da Viúva, o Hospitaleiro exibe o saco contendo esses óbolos perante a Loja, demonstrando estar à disposição de quem dele necessite.
Mas o ofício de Hospitaleiro, a função que assegura, vão muito vão além do auxílio material. Muitas vezes, o mais importante auxílio que é prestado não implica a necessidade de recorrer ao metal, que só é vil se não o soubermos nobilitar pelo seu adequado e útil uso.
A propósito de solidariedade: já se decidiu se contribui, na medida do que puder e quiser, para auxiliar a Inês? Se sim, não guarde para amanhã o que pode fazer hoje. Relembre aqui como pode ajudar e… trate disso! Já! Não se deixe vencer pela inércia!

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Os Cargos na Administração da Loja. P-2


Uma Oficina tem como um de seus pontos primordiais para um funcionamento justo e perfeito a troca de vibrações harmônicas entre os OObr.’.. Por isso quanto mais conhece a administração de uma Loja, mais competente torna-se o Maçom para exercer cada um de seus cargos. É essencial, assim, que o Maçom tenha pleno conhecimento dos cargos ocupados em Loja, bem como conheça as atribuições de cada um de seus ocupantes.
O número e a denominação dos cargos variam de Rito para Rito, sendo alguns cargos, no entanto, integrantes de todos Ritos. Dentre os Ritos adotados em nosso País, daremos mais ênfase neste trabalho ao RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO, adotado por esta Augusta e Respeitável Loja Simbólica. Esse Rito organiza seus cargos desta forma:
Ven.’.M.’., 1º Vig.’., 2º Vig.’., Orad.’., Secret.’., Tesour.’., Chanc.’., Hospit.’., M.’.de CCerim.’., 1º Diac.’., 2º Diac.’., 1º Exp.’., 2º Exp.’., Porta-Band.’., Porta-Estand.’., Porta-Esp.’., Cobr.’.Int.’., Cobr.’.Ext.’., M.’.de Banq.’., M.’.de Harm.’.M.’.Bibliotecário e M.’.Arq.’.
Vale deixar bem claro que, tanto a definição de cargos, como a localização física dos ocupantes em Loja ainda hoje são motivo de divergência entre os estudiosos. Adotamos aqui o entendimento dos especialistas Francisco de Assis Carvalho, Walter Pacheco Junior e José Castellani. Essa visão pode ser diferente daquela de outros Maçons.

Todos sabemos que os cargos em Loja são enormemente carregados de simbolismo. É aliás próprio da essência maçônica tal simbolismo. Temos a mais firme convicção disso. Entretanto, neste modesto e despretensioso trabalho, procuramos agrupar os cargos em Loja em função da condução administrativa de uma Oficina. Nunca é demais enfatizar que, mesmo com esse enfoque burocrático- -administrativo, não podemos nem devemos esquecer o sentido esotérico que cada Dignidade e Oficial devem imprimir a sua função. Afinal, somos uma Loja, e não uma repartição pública.
Fique bem claro que não é pretensão nossa dissecar de forma definitiva os atributos de cada cargo e todas as inúmeras obrigações das dignidades e Oficiais de Loja. Existe uma extensa literatura, de competentes autores, nacionais e estrangeiros, tratando desse assunto. A nossa ideia é definir parâmetros que permitam montar uma estrutura na qual os processos administrativos possua fluir sem solução de continuidade.
Pode-se visualisar essa estrutura como um conjunto de células de ação agrupadas em torno de um eixo coordenador central. Note-se que, nas células definidas a seguir, um ocupante de determinado cargo pode atuar em mais de uma área. Essa flexibilidade é particularmente bem-vinda em Lojas cujo pequeno Quadro de OObr.’. não permite que todos os cargos sejam efetivamente ocupados. Uma estrutura a adotar seria a seguinte:

COORDENAÇÃO GERAL

É muito comum considerar-se que a administração de uma Loja cabe inteiramente a seu Venerável. Data vênia, não concordamos com essa premissa. Entendemos a Loja como um corpo com diversos órgãos que, embora tenham funcionamento distinto, interagem uns com os outros, todos sob o controle do cérebro – o Ven.’.M.’. – que tudo coordena. Ou seja, indiscutivelmente, o Ven.’.M.’.deve imprimir sua marca pessoal em todas as áreas, mas jamais procurar tolher ou inibir os ocupantes dos cargos.

Atuantes

Ven.’.M.’.
1º Vig.’.
2º Vig.’.
Venerável Mestre
Uma Oficina é reconhecida pela atuação de seu Venerável e ele deve obter de forma espontânea o reconhecimento de seus pares, realizando-se, assim, todas as Reuniões em comunhão fraternal. Não é a rigidez na condução da Loja que a faz crescer, mas sim uma perfeita distribuição de atividades, sempre supervisionadas pelo Ven.’.M.’..
Dessa forma, sendo atividades como as de Controle, Orientação, Coordenação e Planejamento, inerentes ao cargo do Venerável, deve essa dignidade exercer esse munus definindo atividades para todos os Oobr.’., seja designando-os para Comissões, seja solicitando-lhes trabalhos maçônicos. Um Ven.’.M.’. não deve permitir o ócio entre seus Oobr.’.. pugnando para que todos sem exceção, do Ap.’.M.’. ao M.’. M.’., enfronhem-se nas atividades da Oficina.

Primeiro e Segundo Vigilantes

Sendo os substitutos do Ven.’.M.’., devem os VVig.’.estar sempre a par do modelo administrativo posto em prática pelo Venerável de sua Loja, para que nos impedimentos desse, aqueles possam dar seguimento, sem rupturas, à administração da Loja, consoante o estilo que vinha sendo adotado. Os VVig.’.devem dividir com o Venerável a tarefa de Instrução e cobrança de trabalhos dos OObr.’.da Loja.

SETOR ADMINISTATIVO

Atuantes

Sec.’.
Orad.’.
Chanc.’.
Arquit.’.

O Sec.’. atua na escrituração e conservação dos Livros e Arquivos da Loja, assim como coordena o fluxo de correspondência e expedição de certidões Ao Orad.’.cabe receber do Irm.’.Sec.’. Decretos e Leis expedidos pelos Grãos-Mestrados, para serem lidos em Loja; fiscalizar a leitura da cédula de eleição, conferir a coleta do Tronc.’.de Benef.
O Irm.’.Chanc.’.Guarda Fiel do Timbre e do Selo da Loja tem a seu cargo Manutenção do Livro de Frequência.
É bom lembrar que os Livros de Frequência devem ser dois, um para OObr.’. do Quadro da Loja, e outro para registro dos visitantes; emissão de Certificados de Presenças de Visitantes; elaboração de Mapa Mensal de Freqüência para definição daqueles IIr.’. que podem exercer o direito de voto nas eleições; mantêm sob sua vigilância os Livros Amarelo e Negro.
O primeiro onde são lançados os nomes daqueles profanos que tiveram seu ingresso na Ordem recusado, por motivos transitórios, e o segundo onde anotam-se os nomes dos profanos que foram recusados por motivos de ordem moral ou algum outro mote insanável.
O Arq.’. controla o material de expediente; em Livro de Carga inventário das alfaias, móveis e utensílios do T.’.zelando por sua conservação.

SETOR FINANCEIRO

Todo o trânsito de metais na Loja é controlado pelos Oficiais dessa célula.

Atuantes

Tes.’.
Hospit.’.
Ao Tes.’.cabe elaborar balanços e balancetes, arrecadar as taxas devidas pelos OObr.’. pagar despesas, desde que autorizadas pelo Venerável. O Ir.’.Hospit.’. vela para que os metais arrecadados pelo Tronc.’.de Benef.’. sejam utilizados de acordo com as normas maçônicas.

SETOR SOCIAL

A área Social tem ingerência tanto sobre as relações internas da Loja – frequência, participação, evolução maçônica dos OObr.’.- como as relações externas da Loja, suas coirmãs, e com a comunidade onde se insere.

Atuantes

Chanc.’.
Hospit.’.
M.’.de Banq.’.
O Ir.’.Chanc.’.mantém o fichário de OObr.’. contendo datas as mais gratas aos IIr.’. inclusive de seus parentes mais chegados; programa visitas a Lojas coirmãs e de outras Obediências; incentiva o congraçamento feminino, promovendo a união de mães, esposas, filhas, etc. dos IIr.’.do quadro; atualiza o Quadro de IIr.’. da Loja para repassar a cada Sessão, ao Ir.’. Hosp.’. os nomes dos IIr.’. faltosos.
O Irm.’. Hospit.’. deverá ser um Ir.’. que goze da simpatia de todos os outros OObr.’.. Isso porque o trabalho do Hospit.’.dentro do T.’. é relativamente fácil, pois ali cabe-lhe fazer girar o Tronc.’. de Benf.’.. A sua missão, fora do T.’., é muito preciosa , pois deve agir como se fosse um parente chegado de cada Obr.’. visitando periodicamente lares e tomando conhecimento de seus problemas, de saúde, conjugais ou financeiros.
Ao Hospit.’. cabe levar ao Ven.’.M.’. os problemas dos demais IIr.’. para que juntos possam definir uma solução.
Em caso de falecimento de um Ir.’. do Quadro cabe ao Hospit.’. comunicar o desenlace a todas as outras Lojas de seu Oriente, assinando as PPranc.’. com o Ven.’. M.’. e o Ir.’. Sec.’. com o Irm.’. Tes.’. cabe-lhe velar para que os metais arrecadados pelo Tronc.’. de Benef.’. sejam utilizados de acordo com as normas maçônicas.
O Ir.’.M.’. de Banq.’. tem a seu cargo a logística da preparação de Banquetes e Festas, ritualísticas ou não.

SETOR CULTURAL

Cultura maçônica não é passatempo nem exibicionismo. É obrigação!
É comum que livros, revistas, jornais, boletins, discos, fitas, e outras peças que possam trazer mais conhecimento maçônico, passem à guarda pessoal do Venerável da Loja ou de seu Secretário. Isso é intolerável porque todo esse material é destinado à Loja e não a um de seus Membros.

Atuantes

Orad.’., M.’. de Harm.’. , Bibliotec.’., Orad.’.
Manutenção de fichário atualizado de palestrantes de outras Lojas.
M.’. de Harm.’. mantém o controle, por meio de Livro de Carga, de discos, fitas e aparelhos reprodutores destinados a abrilhantar as Sessões e Banquetes.
Bibliotec.’. Guarda acervo literário da Loja. Na falta de Bibliotec.’. o acervo literário da Loja deve ser controlado pelo Irm.’. Orad.’. e posto à disposição dos OObr.’. da Loja.

SETOR LITÚRGICO

Os cargos agrupados nesse setor são de primordial importância para a Loja e já foram gastos rios de tinta em livros tratando deles. Como estamos tratando de estrutura administrativa a abordagem desses cargos será “en passant”, nunca, no entanto, olvidando-se o seu imenso valor e fenomenal conteúdo maçônico.

Atuantes

Orad.’., M.’. Cer.’., DDiac.’., EExp.’., CCob.’.
O Ir.’. Orad.’. é o Guarda da Lei e como tal obra por cumprir e fazer cumprir os deveres maçônicos. Quanto ao M.’. Cer.’. para ilustrar sua importância, basta transcrevermos o Ir.’. Castellani: “Nota-se … que o M.’.Cer.’. é um Oficial importantíssimo, devendo ser um perfeito conhecedor da Ritualística. Ele é tão importante que tem o direito de, estando Entre Colunas, pedir a Palavra diretamente ao Ven.’.M.’. através de uma simples pancada com as palmas das mãos.”
Há ainda os DDiac.’., que transmitem as ordens em Loja, o 1º Diac.’. levando a palavra do Ven.’.M.’. ao 1º Vig.’. e o 2º Diac.’., do 1º Vig.’. ao 2º Vig.’. às CCl.’. Os Ir.’. responsáveis pelo acompanhamento dos iniciados em suas viagens templárias.
Embora seja do conhecimento de poucos, é o Ir.’.1º Exp.’. que arbitra os conflitos maçônicos entre o Ven.’.M.’. e seus VVig.’.. A célula abriga também os CCob.’. , nossos guardiões do T.’., interna e externamente de espada em punho guardando nosso Sagrado Local, de impertinentes e curiosos.
As ações litúrgicas especiais pedem também presença dos Porta-Estandartes e Porta-Bandeiras. Já o Porta-Espada exerce seus deveres nas Sessões Magnas de Iniciação, Elevação e Exaltação. É bom lembrar que o cargo de Porta-Espada não existe nos Ritos Brasileiros, Francês (ou Moderno), de York e Schroeder. É utilizado nos Ritos, Escocês Antigo e Aceito, e Adonhiramita.
E, assim findamos nossa exposição de uma estrutura administrativa em Loja. Para que não pairem dúvidas confessamos nossa mais absoluta fé na ortodoxia dos cânones maçônicos. Esse trabalho sugere tão somente que há reais possibilidades de se aliar ao formalismo dos regulamentos e rituais, a flexibilidade de técnicas modernas de administração.
Tudo para promover o crescimento intelectual, aperfeiçoar o perfil moral e promover o insumo social na Augusta e Respeitável Loja a que pertencemos.